quarta-feira, 25 de abril de 2012

Identidade e Alteridade; o reconhecimento do outro.


O princípio do qual temos que partir para entender a ideia de identidade é o da diferenciação, ou seja, nos questionarmos o que nos torna diferentes dos outros. É importante realçar, no entanto, de que esta identidade não é inata; ela se constrói socialmente, a partir de uma síntese pessoal que inclui atributos e modelos recebidos dos outros. Está intimamente ligada com o modo como afeto o outro e como sou afetado por ele.
Na mesma mão da identidade, caminha a alteridade que pode ser resumida, essencialmente,  no respeito e reconhecimento da identidade do outro. O que diferencia o outro de mim, de que maneira estas diferenças podem contribuir para a minha identidade; para minha consciência; para minha subjetividade.Uma sociedade que falha com a alteridade é uma sociedade doente, repleta de hipocrisias e preconceitos, e altamente individualista.
O som familiar dessa descrição não é mera coincidência. Vivemos em uma sociedade em que só o que interessa é o indivíduo, que tem como ideia deste, nada menos que a noção transmitida por dispositivos produtores de subjetividade massificadores e alienadores, como a mídia, a religião, etc. Ou seja, penso só em mim, mas acabo sendo um reflexo do que os outros querem que eu seja e, exijo também que os outros sejam o que quero. Não há espaço algum para a alteridade.
Tal falta de respeito e reconhecimento fica evidente quando uma figura política atual se pronuncia – com toda a arrogância que cabe a um típico estereótipo desta sociedade individualista, esta que bebe de ideais coletivistas – a respeito da “falta de educação” que é “pré-requisito” para se namorar uma negra, a respeito da necessidade de se bater em um filho com tendências homossexuais a fim de “educá-lo” entre tantas outras declarações ridículas. E pior, receber apoio de uma parcela influente e significativa da população brasileira, que alega um retorno aos “bons costumes e boas morais”.
O que deve ser resgatado, entretanto, não são costumes e morais e sim, a alteridade. Uma busca por uma visão de mundo que tenha em sua concepção de ser humano, pessoas, e não peças de máquina ou “clones”, além da importância das relações entre essas pessoas. Uma sociedade em que se possa ter e assumir sua identidade e abraçar a do outro como componente essencial de sua própria.

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