quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Não é a sociedade que faz o indivíduo ignorante e sim, o indivíduo quem a torna ignorante.

Essa semana o Paraná TV, jornal do meio dia da RPC, filial da Globo no Paraná, apresentou uma reportagem da campanha Paz Sem Voz é Medo, iniciativa do GRPCOM pela paz no Paraná.
Não tenho o hábito de assistir televisão, logo só fiquei sabendo dessa reportagem devido a várias menções da participação de um professor de Psicologia da PUC-PR com quem tive aulas semestre passado e tenho esse semestre, o professor Naim, na edição de segunda feira, discutindo a importância da boa educação em casa para a redução da criminalidade.
O que me chamou atenção nas várias menções, além do nome do professor, obviamente, foi que nenhuma delas discutia ou sequer citava o conteúdo da reportagem. Em todos os casos, era mais importante a participação de um rosto conhecido do que a gravidade do assunto que estava sendo discutido.
A pesquisa realizada pelo Grupo Paranaense de Comunicação revela aquilo que já é de conhecimento geral há muito tempo. A necessidade de investir na formação e remuneração da força policial e no aumento do efetivo da mesma.
Além disso, 54% dos entrevistados acreditam que a boa educação dos filhos é essencial para combater a criminalidade, 45% apontam a importância de cobrar mais do governo, deputados e senadores e 38%, a necessidade de denunciar crimes ao presenciá-los ou tomar conhecimento dos mesmos.
Considerado o ponto que necessita de mais atenção, a educação dos filhos tem como principais problemas apontados a falta de imposição de limites e a desestruturação da família tradicional. A própria escola vem apresentando uma dificuldade cada vez maior e, muitas vezes, até um desinteresse, em impor estes limites.
No que concerne a educação de uma criança, o ideal se dá quando estão presentes, de maneira equilibrada, figuras de funções maternas e figuras de funções paternas. Estas figuras, no entanto, não se limitam a mãe e ao pai.
Entende-se por função materna, a pessoa ou instituição que cuida, que contém os sentimentos da criança e, com tranquilidade, dá-lhes significado e sentido. É quem dispõe de capacidade amorosa para ouvir, perceber e atender à necessidade manifesta pela criança.
Já a função paterna é representada pela possibilitação à criança de conhecer novas relações, novos elementos do mundo. De, simbolicamente, tirá-la do colo materno, de impor limites e a realidade.
Ainda assim, o que se observa atualmente é cada vez mais a ausência da função paterna na educação. Tanto a mãe, como o pai e como a escola falham constantemente em definir limites e reforçá-los, em grande parte devido ao medo de perder o controle sobre a criança, quando não percebem que é justamente essa falta que causa a perda de controle.
No entanto, os dados apresentados pela pesquisa nos levam a questionar outro problema muito presente em nossa sociedade. Oras, se 54% defendem a necessidade de uma melhor educação em casa e ainda 45% dizem ser crucial cobrar mais das autoridades por que o que se vê é justamente o contrário?
O desinteresse político e a educação pobre recebida aumentam exponencialmente mesmo quando se sabe que o que é preciso para melhorar é justamente o oposto? Não parece coerente então, dizer que o que falta ao povo brasileiro para melhorar é conhecimento a respeito destes problemas.
Poderia continuar aqui buscando motivos para justificar os déficits na educação, mas a verdade é uma só: a mudança começa no indivíduo. De nada adianta reconhecer o problema e nada fazer para mudá-lo. De nada adianta assistir um vídeo sobre tão importante tema e se importar apenas com a personalidade presente nele.
Muito da responsabilidade pelo atual caos em que vivemos se atribui à sociedade, como se a sociedade não fosse composta por indivíduos.
O problema é que a noção de indivíduo nessa Era da Informação está cada vez mais atrelada ao individualismo e ao hedonismo. Ignora-se o conceito de indivíduo como alguém que é parte de um todo. E o todo não muda de maneira efetiva se suas partes não se voltarem para essa mudança.
A falta de voz que percebo é a prevalência da ignorância. Daqueles que podem ter voz, mas preferem omitir-se. Daqueles que veem o problema, mas preferem virar os olhos.
Já dizia uma música: "Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo na mudança da mente. E quando a gente muda, a gente anda pra frente."

Links:
http://migre.me/5pNLn (Vídeo da reportagem)
http://migre.me/5pNLX (Função materna e função paterna)
http://migre.me/5pL8y (Campanha Paz Sem Voz é Medo)
http://migre.me/5pNTi (Gabriel, O Pensador - Até Quando?)

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