Progresso. Talvez a melhor palavra para definir o que é ser humano. Ou seria ambição? Na infindável busca por progresso as barreiras entre avanços benéficos da tecnologia e pura ambição parecem estar cada vez mais em conflito.
Sempre cobiçando a imortalidade, insistindo tanto em se sentir deuses, a raça humana frequentemente esquece que o progresso não pode ser uma consequência da luxúria e da vaidade. Ainda que, em determinados casos, consequências benéficas tenham vindo dessa racionalidade distorcida, os benefícios deveriam ter sido a motivação e não a consequência.
A busca pela imortalidade é tão antiga quanto a raça humana. Dos elixires à criogenia, o sonho de viver para sempre nunca deixa de espreitar nossas mentes. Esse desejo desesperado de nunca morrer causou e continua causando mudanças em nossa sociedade a ponto de, frequentemente, pesquisas relacionadas a esse tema superarem as relacionadas a problemas mais importantes, como encontrar a cura para várias doenças, por exemplo.
Essa busca trás consequências imediatas. Por que viver para sempre se não se pode ser belo para sempre? Simples como possa soar, essa questão é determinante na cultura humana. Padrões de beleza ditam nossas vidas desde o início das mesmas. Impõem regras em nosso comportamento, estilo de vida, em nossa cultura, na própria História.
As pessoas raramente estão satisfeitas com a própria aparência e isso muito se deve ao bombardeamento de anúncios de “seja bonito ou você é inútil” na mídia (o que nada mais é que seres humanos fazendo seres humanos se sentirem “produtos ruins”).
Tudo começa com querer mudar nossa aparência e agora até os que estão pra nascer já tem que sofrer por essa vaidade sem sentido. Dinheiro é desperdiçado no design de bebês, dinheiro que poderia ser usado em dar aos bebês melhores condições ou até mesmo em investidas científicas mais úteis.
Geralmente começa como uma ideia nobre. Mas tão logo as pesquisas comecem sempre haverá uma pessoa ou instituição com ideias distorcidas esperando para transformar o objetivo original em um subproduto da ganância. Fazendo com que as pessoas acreditem cada vez mais que são deuses.
A clonagem humana é um exemplo disso. A ideia inicial era clonar partes do corpo para substituir membros que foram perdidos em acidentes, no nascimento, etc e acabou resultado em tentativas de clonar um ser humano.
É interessante observar que quando se trata de beleza, a humanidade parece ansiar em ser igual, em fazer parte de um todo, mas quando se trata de raciocinar, só pensem em si.
A tecnologia certamente traz muitos benefícios para a sociedade, isso é inquestionável. O problema é e sempre será a raça humana. O progresso se transforma em ambição, honestidade em ganância, cuidado em vaidade. Se tanto dinheiro assim não fosse desperdiçado em dar atenção a estes sonhos fúteis é bem possível que muitos problemas existentes já tivessem sido resolvidos.
Se queremos mudar, comecemos por nossas mentes, não por nossos corpos.
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